Justiça Federal decidiu repatriar homem de 37 anos, esposa grávida, filho e sogra após PF apontar suposta ligação com o Hamas
Em nota divulgada neste domingo (23), o Instituto Brasil-Palestina (IBASPAL) considerou a “prisão” do muçulmano M. A Abummar, detido pela Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento com o grupo terrorista Hamas, como “ absurdo”.
O cidadão palestino de 37 anos chegou ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na última sexta-feira (21), acompanhado de três familiares. Segundo o advogado de Abummar, ele foi abordado por agentes da PF na porta do avião e informado que não poderia entrar no Brasil.
Segundo os investigadores, o homem consta da lista do FBI – a polícia federal americana – que monitora supostos membros de grupos terroristas: o Terrorist Screening Center (TSC).
No comunicado divulgado neste domingo, o IBRASPAL afirma que a PF está “agindo para aplicar determinações do governo norte-americano no Brasil”. “A lista do TSC não tem respaldo na legislação brasileira. Ao utilizá-lo como critério para impedir a entrada de cidadão palestino no Brasil, a PF atua como uma filial do FBI”, afirma o presidente do instituto, Ahmed Shehada, que assinou a nota.
A entidade afirma ainda que as denúncias da PF foram feitas “sem qualquer tipo de investigação”. “Em outras palavras, levaria em conta não apenas a lei dos EUA, mas também a própria investigação dos EUA. Apresenta-se assim, mais uma vez, como uma verdadeira fachada para a atuação do FBI no Brasil.”
Além disso, o presidente do IBRASPAL argumenta que os Estados Unidos “não têm autoridade alguma para afirmar que ninguém no mundo é terrorista”. O instituto acusa ainda o país de ser aliado do regime sionista e de apoiar as mortes de palestinos na Faixa de Gaza.
“Eles fornecem as bombas, os veículos e o apoio económico e político. Seria impossível para o regime sionista promover o genocídio em Gaza sem o apoio que recebe dos EUA. E esta é apenas uma das monstruosidades terroristas levadas a cabo pelo governo norte-americano”, afirma o instituto.
Tribunal decide repatriar palestinos
Em decisão divulgada esta tarde, a Justiça Federal decidiu repatriar o palestino. De acordo com CNN Apurou, fontes da PF afirmam que o muçulmano M. A Abummar e sua família poderão ser repatriados neste domingo, se houver espaço no voo.
A defesa do muçulmano M. Abuumar obteve uma liminar que adiou a repatriação. A Justiça também determinou que a PF preste esclarecimentos sobre os motivos que impediram a entrada do palestino que estava com a esposa grávida de sete meses, um filho de 6 anos e a sogra.
Após os esclarecimentos, a magistrada Millena Marjorie Fonseca da Cunha considerou que não houve ilegalidade na atuação da PF e determinou a repatriação. A defesa dos palestinos afirmou que irá recorrer ao Tribunal Regional Federal da Terceira Região (TRF-3).
Investigação
O muçulmano M. Abuumar está acompanhado da esposa – grávida de 7 meses –, do filho de 6 anos e da sogra de 69 anos. Abuumar emitiu um visto de 90 dias em 13 de junho para permanecer no Brasil. Os outros três familiares são cidadãos malaios e não precisam de visto para entrar no país.
A suspeita dos investigadores é que Abummar tenha vindo a São Paulo para que a mulher pudesse ter o filho. Dessa forma, a criança nasceria brasileira, o que garantiria a naturalização e a permanência dos familiares em território brasileiro.
Para a PF, esse “modus operandi” foi observado em outras pessoas suspeitas de estarem ligadas a organizações responsáveis por atos terroristas e que o cenário justifica impedi-las de entrar no país.
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