O calor extremo foi fatal para os quase 2 milhões de muçulmanos que terminam esta semana a peregrinação anual do Hajj, que começou na sexta-feira (15), à Grande Mesquita de Meca, na Arábia Saudita.
Pelo menos 562 pessoas morreram durante o evento, de acordo com uma contagem da Reuters baseada em declarações e fontes do Ministério das Relações Exteriores.
Fontes médicas e de segurança disseram à Reuters nesta quinta-feira (20) que pelo menos 530 peregrinos egípcios morreram enquanto participavam do Hajj e outras 40 pessoas estão desaparecidas quando o calor extremo atinge a peregrinação muçulmana anual a Meca
As temperaturas ultrapassaram os 51° C.
O Egito formou nesta quinta-feira (19) uma unidade de crise para investigar as mortes de egípcios que participaram da peregrinação.
A fonte médica, que fazia parte da delegação oficial egípcia do Hajj, disse que a maioria dos que morreram não estavam formalmente registados para o evento junto das autoridades, o que significa que não tiveram acesso a tendas.
O gabinete do Egito anunciou a formação da unidade de crise por ordem do presidente Abdel Fattah al-Sisi num comunicado.
As autoridades disseram que 28 mortes foram confirmadas em um grupo de 50.752 peregrinos egípcios oficialmente registrados.
Nenhum número de peregrinos não registrados foi relatado. De acordo com o gabinete, o Egipto procurava um inventário preciso dos mortos e desaparecidos e estava a coordenar com os seus homólogos sauditas a organização da transferência de corpos.
As empresas que facilitassem viagens para peregrinos não registados seriam investigadas e penalizadas, acrescentou o responsável.
Uma testemunha da Reuters disse que durante a peregrinação milhares de peregrinos permaneceram nas ruas, expostos ao sol, enquanto subiam o Monte Arafat, um dos rituais da viagem.
Os corpos dos peregrinos mortos foram posteriormente cobertos com tecido Ihram – uma vestimenta simples usada pelos peregrinos – até a chegada dos veículos médicos, disse a testemunha.
Quinto pilar do Islã, o Hajj é obrigatório uma vez na vida para todos os muçulmanos fisicamente aptos que possam pagar. A peregrinação é também a manifestação mais significativa da fé e da unidade islâmica.
O evento deste ano, que começou na sexta-feira (14), deve atrair cerca de 2 milhões de peregrinos.
Os cientistas climáticos disseram que o aumento das temperaturas representa uma ameaça crescente ao evento, embora as mortes relacionadas com o calor durante o Hajj não sejam novas e tenham sido registadas desde 1400.
A falta de aclimatação a temperaturas mais elevadas, o esforço físico intenso, os espaços expostos e a população idosa são alguns dos factores que tornam vulneráveis os peregrinos.
No ano passado, mais de 2.000 pessoas sofreram de stress térmico, segundo as autoridades sauditas.
A situação ficará muito pior à medida que o mundo aquecer, disseram os cientistas.
Em 2016, a Arábia Saudita publicou uma estratégia termal que incluía a construção de áreas sombreadas, o estabelecimento de pontos de água potável a cada 500 metros e a melhoria da capacidade de saúde.
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