A manutenção da Selic em 10,50% ao ano não surpreendeu o mercado financeiro. Os agentes, porém, se animaram com a votação unânime do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central e o Ibovespa abriu a sessão desta quinta-feira (20) em alta, mas ainda há um longo caminho a percorrer para a reviravolta do mercado de ações em 2024 .
Ó InfoMoney ouvimos a opinião de dois gestores de fundos de investimento sobre a situação do mercado. Há otimismo entre especialistas e um setor que se destaca nas recomendações de investimentos.
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A Bolsa de Valores brasileira deverá cair acentuadamente em 2024, como resultado da desconfiança dos investidores na política fiscal do governo e do aumento das expectativas de inflação que levaram o mercado a revisar para cima as projeções para a taxa Selic neste e nos próximos anos. Soma-se ao cenário local a incerteza sobre as taxas de juros americanas.
A Mantaro Capital olha para o cenário atual e avalia que o pior já passou. “Estamos entusiasmados, com maior alocação em bolsa em fundos que possuem cotas”, afirma Paulo Abreu, gestor e sócio da casa. Para ele, “estamos no pior cenário em termos de prêmio de risco no Brasil e tudo contribuiu para uma bolsa barata”.
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Abreu projeta que, a partir de agora, “o governo deve caminhar para um discurso mais consciente fiscalmente”, o que ajudará as ações a ganhar força nos próximos meses. Por isso, ele acha que a Bolsa deve retornar a queda do ano e encerrar 2024 no azul.
Na Trígono, há otimismo quanto ao desempenho das empresas, mesmo em meio ao turbulento cenário macroeconômico. “As empresas em que investimos vão muito bem, principalmente aquelas que têm receita em dólar, não temos empresas endividadas e preferimos baixa exposição a empresas sensíveis a juros”, afirma Werner Roger, CIO da Trígono.
Para provar que a Selic, mesmo alta, não deve impactar tanto os investimentos na Bolsa, Roger diz que os quatro setores que dominam o Ibovespa – serviços financeiros, mineração e metalurgia, petróleo e gás e energia elétrica –, concentrando 69,5% do índice, possuem baixa correlação com as taxas básicas de juros e conseguem navegar bem no cenário de Selic acima de 10%.
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Portanto, quando (e se) as incertezas fiscais diminuem, há espaço para o mercado de ações decolar. “O mercado precifica as incertezas políticas e econômicas, mas as empresas seguem com suas vidas”, argumenta Roger.
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Onde investir?
Para aproveitar o que os especialistas consideram uma oportunidade, os investidores podem recorrer à segurança do setor financeiro. “Os grandes bancos são baratos”, segundo Paulo Abreu. Das empresas do setor listadas no Brasil, o gestor gosta do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), BTG Pactual (BPAC11) e B3 (B3SA3). Werner Roger destaca as ações do Banco da Amazônia (BAZA3) e do Banco do Brasil (BBAS3), “que, para nós, é o mais descontado dos grandes bancos, distribui bons dividendos e vem ganhando eficiência”.
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O CIO da Trígono afirma que empresas que pagam dividendos são boas para sobreviver ao cenário atual: “se a bolsa sobe, vejo valorização na carteira e no rendimento, se cair, continuo com o rendimento, com rendimento (retorno só com dividendos) de cerca de 9%”. O retorno que o especialista cita é a média do IDIV, índice de ações que pagam dividendos da B3.
As construtoras são ponto de divergência entre especialistas. Embora Abreu goste do setor, principalmente Cyrela (CYRE3) e Lavvi (LAVV3), Roger prefere não se expor a setores sensíveis a variações nos juros básicos. Para o gestor Mantaro, “são descontadas as construtoras, principalmente as de médio e alto rendimento”.
Outro setor sensível a juros destacado por Abreu é o de aluguel. Localiza (RENT3) e Mills (MILS3), para aluguel de equipamentos, estão entre as preferências dos especialistas no segmento.
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A Trígono segue apostando no agronegócio quando a Bolsa voltar em 2024. A gestora tem ações da São Martinho (SMTO3), produtora de açúcar e etanol, e da Kepler Weber (KEPL3), armazenadora agrícola: “exportamos milho meses depois da colheita , onde isso está armazenado? Nos silos da empresa”, explica Roger.
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