O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne a partir de terça-feira (18) e, no dia seguinte, anuncia a nova taxa de juros. Diante da piora do cenário internacional e das expectativas de inflação, grande parte do mercado aposta que o colegiado manterá a taxa Selic de forma estável, nos atuais 10,50% ao ano.
Mais do que a decisão em si, outro fator estará no centro das atenções de economistas e analistas: a pontuação da decisão. Para a diretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management, Solange Srour, a dissidência entre os membros na reunião de maio foi “muito ruim”, principalmente pelo placar apertado, 5 a 4.
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“Essa divisão interna não é comum e as explicações que foram dadas na ata (a reunião) também saiu do mercado com certa preocupação”, diz ela, argumentando que todos os membros do Copom concordaram que houve aumento da incerteza e que o cenário de desancoragem das expectativas de inflação é grave.
“Mas o grupo que votou pelo corte de 0,50 pp estava mais preocupado em entregar o orientação futura (da reunião anterior). E isso, para o mercado, causou preocupação, porque grande parte dele não vê o orientação futura (uma espécie de “prescrição futura” da decisão, no jargão inglês) como um compromisso, que não muda, quando o cenário fica mais incerto”, explica.
Para o InfoMoney, Em entrevista realizada no início deste mês, Solange avalia que “seria muito importante uma mensagem unânime para parar (redução da taxa de juros)”. Isso porque, segundo ela, todos os membros do Copom já concordaram que as expectativas estão desenfreadas. E uma das tarefas do BC é justamente reverter esse quadro.
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Abaixo, confira os principais trechos da conversa:
Entrevista: Solange Srour
Infomoney – Como o senhor avalia a situação fiscal atualmente?
Solange Srour – Tivemos um problema fiscal muito grande, lá em 2022. Aprovamos a PEC da Transição. Aí somamos gastos substanciais, 2% do PIB, numa dinâmica que já era crescente, mas que, para o bem ou para o mal, era mais controlada, pelo Teto de Gastos. Não foi melhor porque, claramente, o limite máximo precisava de reforços – como a reforma administrativa e a redução da rigidez orçamental.
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Acabamos com o teto e criamos o quadro fiscal (em 2023). Na época, quem se especializou em atenção tributária chamou a atenção para as regras de educação, saúde e salário mínimo. Hoje, quem olha para o fiscal com lupa vê que as regras são incompatíveis e que em algum momento pode ser necessário alterar algumas regras do marco, que são incompatíveis.
IM – E ainda temos preocupações externas…
SS – É outra questão preocupante, porque, neste momento, o cenário externo é mais incerto. Ninguém sabe exatamente quando ou quanto o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) reduzirá as taxas de juros neste ciclo.
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Se as taxas de juro nos EUA não caírem este ano, ficaríamos com uma situação muito complexa para os países emergentes. Então, neste momento, o problema fiscal está ganhando força, porque os juros reais estão mais elevados. O prêmio já é bastante alto.
Estamos falando de uma taxa de juros real acima de 6% no Brasil para qualquer ápice da curva (de DIs – juros futuros). Esta é uma situação muito insustentável. 6% não é uma taxa de equilíbrio.
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E não resolver a questão tributária também não é solução – porque, em algum momento, isso vai gerar alguma ação, seja mudança de enquadramento ou medidas que retirem despesas do enquadramento.
IM – Até quando esta situação pode continuar?
SS – O país pode aproveitar esse interesse (real) acima de 6% durante algum tempo, mas não indefinidamente. Isto irá gerar uma dívida muito elevada. Já convivemos com essa taxa e vimos que não é possível ficar muito tempo com essa taxa.
A situação que vivemos é totalmente instável, em termos de custos fiscais e de dívida. Este é um fator preocupante e mais urgente.
IM – Que outros factores são preocupantes?
SS – Maior intervencionismo na economia, questões regulatórias, insegurança jurídica. Isso é algo que vemos acontecer gradualmente. Notícias diferentes a cada dia… Isso tudo dificulta muito o ambiente de negócios no Brasil e o crescimento do PIB daqui para frente.
Até agora, estamos experimentando um forte crescimento do PIB. Mas temos essa questão fiscal, de confiança na economia, e nas regras do jogo, na livre concorrência. Tudo isto levanta uma preocupação a mais médio prazo.
IM – Como você vê a transição do Banco Central?
SS – O mercado está preocupado com esta transição (em BC)…(Na última reunião) a dissidência dos membros foi muito ruim (na definição do corte da Selic), do jeito que aconteceu, porque 5 a 4 não é uma dissidência como 7 a 2, principalmente quando há 4 diretores recentemente nomeados (em dissidência).
O Copom é um órgão colegiado, então é difícil ter dois grupos divididos dessa forma. Esta divisão interna não é comum e as explicações dadas em ata (a reunião) também deixou o mercado com certa preocupação – até com uma explicação bem detalhada.
Porque todos concordaram com o diagnóstico, com o aumento da incerteza, de que o cenário de expectativas não ancoradas era grave. Mas o grupo que votou a favor do corte de 0,50 estava mais preocupado em entregar o orientação futura.
E isso, para o mercado, causou preocupação, porque grande parte dele não vê o orientação futura como um compromisso, que não muda, quando o cenário se torna mais incerto.
IM – O que isso pode indicar para decisões futuras?
SS – Apesar de todas as indicações que vieram após as atas, como em entrevistas, por exemplo, não há como evitar questionamentos sobre o comportamento do Banco Central, para as próximas reuniões e para 2025. Agora é só o tempo e as ações que conseguirá resolver um pouco esta situação.
Na próxima reunião (essa semana), acho que uma mensagem unânime para parar seria muito importante. Porque, na verdade, todos os membros do Copom concordaram que as expectativas não estão ancoradas e que uma das tarefas do Banco Central é reancorar as expectativas.
Não consigo encontrar muita explicação para uma divisão, com alguns membros votando por um corte de 0,25 pp. A coesão é agora necessária, não porque o mercado queira parar de reduzir as taxas de juro, mas porque é importante a consistência com a comunicação do Banco Central. Todos os diretores têm falado em ancorar as expectativas de inflação.
IM – A unanimidade do Copom ajudará a ancorar as expectativas?
SS – A união do Copom, com um discurso mais duro, que é mesmo o objetivo (da inflação) é de 3%, e não a faixa, deixando bem claro o horizonte de atuação do Banco Central, é importante.
Não apenas a ação, mas um discurso unificado ajudará a não desanimar mais (expectativas de inflação). Até porque não é uma reunião do Copom que vai resolver. A questão principal permanece para os anos de 2025 e 2026.
IM – Como resolver?
SS – A indicação de quem será o novo presidente do BC seria interessante, porque as dúvidas serão reduzidas; nomear os demais diretores (quem vai assumir). Qualquer coisa que possa ser feita para reduzir a incerteza é boa – evita que as expectativas se tornem mais ancoradas e pode eventualmente ajudar a reancorar.
Agora, para que as expectativas realmente voltem a cair, leva tempo; entender se o novo BC (em 2025), com essa transição, está comprometido com a meta de inflação.
IM – Como o debate sobre a meta de inflação afeta tudo isso?
SS – Acho que ainda é cedo para falar em mudança da meta de inflação. Entendo que vocês tenham sentido desconforto recentemente, devido às declarações do governo, de que a meta é muito dura para o Brasil.
Mas, no fundo, não creio que haja necessidade desta discussão agora. Há tempo para o BC controlar essas expectativas. Não me parece que o cenário de inflação para o próximo ano irá necessariamente superar a meta. Há tempo para o BC agir, se necessário.
Então, acho que há muita especulação pela incerteza do que realmente será o Banco Central (em 2025), do que existe de fato uma decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional altera meta) realmente se aproximando. Não creio que ele discutirá a mudança de meta tão cedo.
Por mais que a meta de inflação de 3% seja muito dura, todos no governo entenderam que essa discussão era ruim e as expectativas não voltaram. Então, eu não acho que vai ter essa discussão sobre mudança de metas esse ano.
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