O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou que defenda as posições do líder russo Vladimir Putin em relação à guerra na Ucrânia.
“Eu não defendo Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia. O que eu não faço é tomar partido. Meu lado é a paz. O meu lado não é ficar do lado de Zelensky contra Putin, ou de Putin contra Zelensky”, disse o presidente, em Genebra, na Suíça.
As declarações de Lula foram feitas enquanto ele explicava porque não aceitou o convite para participar da Cúpula da Paz na Ucrânia, que será realizada neste fim de semana, nos dias 15 e 16 de junho, na Suíça.
“Não participamos da Cúpula da Paz porque eu havia enviado uma carta ao presidente [da Suíça, Viola Patricia Amherd] explicando que o Brasil não participará de uma cúpula que só tem um lado”, destacou o líder brasileiro.
Organizada pela Suíça, a cimeira conta com o total apoio da Ucrânia e dos seus aliados ocidentais, que não convidaram representantes russos para participar no evento.
Lula criticou essa postura: “a guerra está sendo travada por duas nações. Em outras palavras, se você quiser encontrar a paz, terá que trazer os dois para uma mesa de negociações. Se você colocar apenas um lado, você não quer paz. Na verdade, você não quer paz.”
Os organizadores do encontro afirmam que o presidente Vladimir Putin não foi convidado porque não tem interesse em negociar uma paz justa, e o seu país foi responsável por iniciar o conflito ao invadir a Ucrânia sem qualquer provocação militar.
Apesar de não ter comparecido ao evento, Lula reiterou que o Brasil continua disposto a ajudar a encontrar um caminho para a paz no continente europeu.
“Eu disse ao presidente da Suíça que o Brasil tem todo interesse, que estamos à disposição e que já conversamos com a China [sobre uma proposta de paz]ele destacou.
“Ainda esta semana Putin me ligou e eu mostrei a ele a necessidade de encontrarmos uma solução, sentarmos à mesa de negociações e pararmos de matar para que as pessoas possam começar a trabalhar”, acrescentou o presidente brasileiro.
Lula, porém, evitou responder diretamente se um possível acordo de paz envolveria a anexação formal de territórios ucranianos pelo Kremlin.
“Não sei. Acho que tem que haver um acordo. Agora, se Zelensky diz que não fala com Putin e Putin diz que não fala com Zelensky, é porque eles estão gostando da guerra. Porque, caso contrário, já teriam se sentado para conversar e encontrar uma solução pacífica”, afirmou.
“Qualquer solução pacífica mata menos pessoas, destrói menos e é mais benéfica”, disse ele.
Noutras viagens ao estrangeiro, o presidente provocou polémica ao dizer, por exemplo, que a ajuda ocidental à resistência ucraniana estava, na verdade, apenas a prolongar a guerra.
Estas declarações foram criticadas pelo Ocidente, que gostaria de contar com o apoio do Brasil à resistência ucraniana, vítima da invasão russa.
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