As taxas DI fecharam a quarta-feira, 12, com forte alta, de quase 30 pontos-base nos vencimentos mais longos, em meio a ruídos políticos e preocupações do mercado com o equilíbrio fiscal brasileiro, em movimento que ganhou novo impulso à tarde. fôlego com a decisão de política monetária do Federal Reserve, que apontou apenas um corte nas taxas de juros nos EUA em 2024.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,72%, ante 10,63% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,34%, ante 11,192% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,72%, ante 11,503%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2029 foi de 12,145%, ante 11,881%, e o contrato de janeiro de 2033 foi de 12,33% – alta de 28 pontos-base frente ao reajuste de 12,049%.
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As taxas futuras abriram a sessão já em alta no Brasil, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou nesta terça-feira a decisão de devolver ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins que restringiu a compensação de créditos tributários.
A ação de Pacheco foi vista como uma derrota para o governo e, em especial, para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que buscou junto ao MP cobrir perdas de arrecadação mantendo a isenção da folha de pagamento. A expectativa era que a MP gerasse um aumento de R$ 29 bilhões em receitas em 2024.
Às 09h30, a divulgação de dados favoráveis sobre a inflação nos EUA deu um impulso descendente aos rendimentos dos Tesouros, com os investidores a aumentarem as apostas de que a Reserva Federal poderá iniciar o ciclo de redução das taxas de juro já em setembro.
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O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor (IPC) permaneceu inalterado em Maio, depois de ter subido 0,3% em Abril. Nos 12 meses até maio, o indicador cresceu 3,3%, ante 3,4% em abril. Economistas consultados pela Reuters projetavam alta mensal de 0,1% e alta anual de 3,4%.
Na esteira dos números norte-americanos, as taxas DI ficaram negativas, em meio à queda constante dos rendimentos do Tesouro. No entanto, o movimento durou pouco.
Nas mesas de operações, o desconforto em torno da situação fiscal brasileira foi reforçado pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento no Rio de Janeiro. Segundo ele, o aumento da arrecadação do governo federal e a queda dos juros permitirão a redução do déficit nas contas governamentais sem impactar os investimentos públicos.
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“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas para garantir o equilíbrio fiscal. O aumento da receita e a queda das taxas de juro permitirão reduzir o défice sem comprometer a capacidade de investimento público”, afirmou.
O facto de Lula ter ligado a redução do défice ao aumento das receitas – e não aos cortes nas despesas – foi mal recebido por parte do mercado. Além disso, circularam pelas mesas avaliações de que Haddad, devido às recentes derrotas políticas, estava enfraquecido.
Nesse cenário, os DI voltaram a subir e atingiram novos máximos pela manhã, com a disparada das ordens de stop loss intensificando o movimento, segundo profissional ouvido pela Reuters.
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No pico da sessão, às 11h14, a taxa contratual para janeiro de 2027 — uma das mais líquidas — atingiu 11,760%, uma subida de 26 pontos base face ao ajustamento do dia anterior. Este aumento ocorreu apesar de, no exterior, as taxas do Tesouro caírem continuamente sob a influência do IPC.
No início da tarde, as taxas futuras desaceleraram um pouco no Brasil, embora tenham permanecido em território positivo. Mas o anúncio da decisão pelo Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, às 15h, deu novo impulso à curva a termo brasileira.
Apesar de ter mantido a taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, o Fed indicou que vê apenas um corte na taxa de juros em 2024 — e não dois cortes como havia sido precificado na curva norte-americana. Além disso, a instituição citou “progressos modestos” em direção à meta de inflação de 2%.
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No seu discurso após a decisão, o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, afirmou que os membros da instituição ainda não ganharam maior confiança na inflação que permitisse um corte.
Após o anúncio do Fed, os rendimentos do Tesouro reduziram as suas perdas, enquanto no Brasil as taxas DI aceleraram novamente as suas subidas.
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Esse movimento manteve a precificação, na curva brasileira, de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não reduzirá a taxa básica Selic na próxima semana.
Perto do fechamento, a curva de preços indicava 85% de chance de manutenção da taxa Selic em 10,50%. Havia mais 15% de probabilidade precificada de que o colegiado pudesse aumentar a Selic em 25 pontos-base neste mês —probabilidade que surgiu na última sexta-feira, em meio a ruídos sobre a área fiscal.
Na terça, a probabilidade de manutenção estava em 92% e havia mais 8% precificados para alta da Selic.
No exterior, os rendimentos continuaram caindo no final da tarde. Às 16h46, o rendimento do Tesouro de dez anos – referência global para decisões de investimento – caía 7 pontos base, para 4,328%.
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