O melanoma é o tipo de câncer de pele mais agressivo e letal, principalmente pela alta probabilidade de se espalhar para outros órgãos. O tratamento padrão da doença para pacientes com metástase em linfonodos regionais (estágio 3) baseia-se na remoção do tumor associada à aplicação de imunoterapia por um ano para reduzir o risco de recorrência.
Agora, um estudo apresentado durante Asco 2024espera-se que a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizada em Chicago, nos Estados Unidos, mude a prática clínica.
Pesquisadores de diversas instituições da Austrália e da Holanda demonstraram que o uso de apenas dois ciclos de uma imunoterapia combinada, antes da cirurgia, aumenta a chance de cura dos pacientes e reduz o risco de reaparecimento do tumor.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores realizaram um estudo randomizado com 423 pacientes, divididos em dois grupos: o grupo controle recebeu tratamento convencional (primeira cirurgia + nivolumabe por 12 meses) e a outra metade recebeu tratamento neoadjuvante, com dois ciclos de imunoterapia. combinação (nivolumabe e ipilimumabe por seis semanas) e depois cirurgia.
Os resultados mostraram que 60% dos pacientes do grupo que recebeu a estratégia neoadjuvante (dois ciclos de imunoterapia pré-operatória) tiveram resposta patológica completa ou superior, ou seja, mais de 90% do tumor foi eliminado – o que é considerado praticamente uma cura. por especialistas. Os outros 40%, que não obtiveram essa resposta, conseguiram continuar a imunoterapia no pós-operatório para complementá-la.
Além disso, o estudo demonstrou que o risco de recorrência é 70% menor entre aqueles que receberam imunoterapia pré-operatória, em comparação com aqueles que receberam tratamento padrão. “A maioria dos pacientes teve esta resposta fantástica com um tratamento muito mais curto. A estratégia praticamente evaporou toda a doença e quase não houve casos de recidiva. Os outros 40% continuarão com tratamento complementar porque foi possível identificar uma população com maior risco de recorrência e que de fato necessita de tratamento mais prolongado”, analisa Gustavo Schvartsman, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, que assistiu à apresentação do novo estudar durante Asco.
Os efeitos colaterais foram semelhantes em ambos os cenários, embora os pacientes que receberam a combinação dos dois medicamentos sentiram efeitos um pouco mais intensos do que aqueles que receberam o cenário de medicamento único. “Mas a menor duração do tratamento fez com que o efeito colateral também fosse menor”, enfatiza Schvartsman.
Os benefícios da imunoterapia
O melanoma representa cerca de 4% dos tumores de pele. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima a ocorrência de 9 mil casos por ano e quase 2 mil mortes pelo problema. A doença é subdividida em quatro estágios, dependendo da gravidade. Pacientes com melanoma nos estágios 1 e 2 apresentam tumor localizado, sem metástases. Pessoas no estágio 3 apresentam metástases próximas, geralmente em gânglios linfáticos – e são elas que passam por cirurgia e imunoterapia. Os pacientes no estágio 4 são aqueles com melanoma mais avançado, com metástases à distância e disseminação para outros órgãos.
Há alguns anos, a ciência sabe que o melanoma é um tipo de câncer extremamente imunogênico, ou seja, responde bem ao tratamento com imunoterapia – que nada mais é do que uma forma de ensinar o corpo a reconhecer as células cancerígenas e combatê-las. eles. Por isso, existem diversos estudos em andamento que testam diferentes formas de aplicação da imunoterapia no tratamento da doença.
Segundo Schvartsman, o estudo apresentado na Asco foi desenhado com base em vários anteriores, que avaliaram a estratégia de utilização da imunoterapia pré-operatória como algo potencialmente melhor para o paciente. Isso porque, segundo o médico, os resultados já demonstravam que o sistema imunológico costuma funcionar melhor quando a imunoterapia é administrada antes da retirada do tumor.
“Nesse cenário (de imunoterapia aplicada antes da retirada do tumor) você tem um paciente com o sistema imunológico mais saudável, pois ainda não foi operado. Além disso, o tumor ainda está presente como fonte de reconhecimento pelo sistema imunológico. Quando removemos o tumor, removemos o que o sistema imunológico precisa procurar. E a cirurgia também rompe os vasos sanguíneos, impedindo o acesso ao tumor. Se você cortar a vascularização, o sistema imunológico não consegue chegar ao câncer e reconhecê-lo”, explica o oncologista.
Imunoterapia no SUS
Os dois imunoterápicos utilizados no estudo já estão aprovados no Brasil, mas, por enquanto, estão amplamente disponíveis apenas na rede privada. Embora exista recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS) para incorporação de medicamentos na rede pública, eles ainda não fazem parte do rol de medicamentos utilizados rotineiramente em pacientes com melanoma atendidos pelo SUS.
Isso porque são medicamentos de alto custo e a adesão dos centros especializados esbarra no preço. “A estratégia de antecipar a imunoterapia encurta muito o tratamento e reduz consideravelmente o custo associado. Apesar de serem dois medicamentos, o número de doses a serem utilizadas é tão menor que o custo final do tratamento é mais barato”, observa o oncologista.
Para Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, os resultados deste estudo podem favorecer o processo de incorporação desses imunoterápicos na rede pública, justamente porque são necessárias menos doses. “Embora já tenhamos a imunoterapia incorporada ao SUS pela Conitec, ela ainda não está disponível de forma equitativa para todos que podem se beneficiar. Os centros que têm condições de comprar o fazem, mas não todos. Portanto, nem todos os pacientes têm acesso. Acredito que esse novo estudo pode sim nos ajudar a buscar essas mudanças e beneficiar os pacientes do SUS”, afirma Holtz.
Para o oncologista do Einstein, não há dúvidas de que a prática clínica dos pacientes da saúde suplementar deve mudar com esses resultados. “A conclusão do trabalho é inequívoca. A partir de agora, todos os pacientes com melanoma metastático deverão passar por um ciclo de imunoterapia no pré-operatório. Além de ser mais barata, por envolver menos doses de medicamentos, a estratégia aumenta significativamente as chances de cura. Não há cenário melhor”, acrescenta.
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