O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (10) a continuidade do movimento grevista nas universidades e institutos federais de todo o país, e disse que “não há muitos motivos para que essa greve dure enquanto for ”.
O discurso foi proferido durante reunião com reitores, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (10). Ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana, o presidente anunciou R$ 5,5 bilhões em investimentos para universidades no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O valor cobrirá a instalação de novos campi, a retomada das obras e a consolidação de projetos estruturantes da rede federal. Do total, R$ 1,75 bilhão será destinado a hospitais universitários. Com o anúncio, o governo espera o fim da greve.
Lideranças sindicais precisam ter coragem para acabar com greve, diz Lula
Segundo Lula, as greves “têm hora para começar e hora para terminar”. “O dirigente sindical tem que ter coragem de propor, tem que ter coragem de negociar, mas tem que ter coragem de tomar decisões que, muitas vezes, não são ‘tudo ou nada’”, disse o presidente.
“Sou um dirigente sindical que nasceu no ‘tudo ou nada’. Pra mim foi isso: é 100% ou não é nada, é 100% ou não é nada. Ou é 83% ou nada, ou é 45% ou nada. E muitas vezes fiquei sem nada”, continuou.
“Nesse caso da educação, se você analisar o trabalho como um todo, você vai perceber que não há muitos motivos para essa greve durar tanto, porque quem está perdendo não é o Lula, o reitor. Quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros. É isso que precisa ser levado em consideração.”
Segundo Lula, “não é por causa de 2% ou 4% que ficamos em greve a vida toda”. “Vejamos os outros benefícios. Você já tem ideia do que foi oferecido? Você sabe o que foi oferecido? Porque no Brasil estão cheios de dirigentes sindicais que têm coragem de declarar greve, mas não têm coragem de acabar com a greve”, disse o petista.
Lula concluiu que os recursos oferecidos pelo Ministério de Gestão e Inovação, liderado por Esther Dweck, “são irrecusáveis”. “Porque senão estaremos falando de universidades, institutos federais e os alunos estão esperando para voltar às salas de aula”, acrescentou.
Camilo Santana pede fim da greve
O ministro da Educação, Camilo Santana, que discursou antes de Lula, reforçou o discurso do presidente. Santana afirmou que o Ministério da Gestão e Inovação tem feito um esforço para buscar o diálogo.
“Acredito que greve é o limite onde não há mais condições de negociação (…) Não vejo nem vi necessidade de greve porque este governo tem diálogo. (…) Este governo reabriu todas as mesas de negociação com todas as categorias sindicais”, argumentou.
Segundo Camilo, o governo Lula não teve tempo suficiente para compensar as perdas. “Em um ano e meio não conseguimos recompor todo o processo histórico de anos em relação à disparidade salarial”, afirmou.
Greve completa 68 dias
As falas acontecem em meio à greve federal na educação, que já completa 68 dias, segundo o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).
A entidade convocou os funcionários para mais protestos nesta semana. Durante o evento, grevistas protestaram em frente ao Palácio do Planalto.
Alguns atos aconteceram na semana passada, principalmente em frente ao Ministério de Gestão e Inovação. Com isso, novas mesas de negociação para falar sobre reajustes salariais serão abertas no dia 11 de junho, no caso dos técnicos administrativos em educação, e no dia 14 de junho, para os professores. Eles acontecerão no Ministério da Educação (MEC).
Os protestos previstos para esta semana começam hoje e prolongam-se até 14 de junho. Os sindicatos prevêem caravanas indo para Brasília e eventos locais nos estados.
Amanhã (11), está marcada uma nova reunião para apresentar a proposta do governo aos servidores técnico-administrativos (TAEs).
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