A XP divulgou o Relatório Macro Mensal Brasil referente a junho e o ponto mais importante destacado no documento refere-se à política monetária.
Rodolfo Margato, economista da XP, participou nesta quinta-feira (6) do Chamada matinal XP e apresentou alguns dados do relatório, incluindo novas estimativas económicas.
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Novo cenário
“Há desafios de política monetária desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Por conta disso alteramos o cenário base da taxa Selic. Vemos agora 10,5% (até o final do ano), que é o patamar atual”, afirmou.
Isso significa manter os juros na próxima reunião da comissão, nos dias 18 e 19 de junho. “Antes prevíamos dois cortes de 0,25 pp, com a Selic chegando a 10% (no final do ano)”, acrescentou.
Ele avalia que, considerando a sinalização mais recente dos diretores do Banco Central, buscarão uma decisão mais consensual na próxima reunião sobre a Selic. “Uma pontuação dividida novamente, principalmente uma pontuação de 5 a 4, seria muito negativa para os ativos financeiros, para o cenário econômico como um todo”, explicou.
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Na última reunião do Copom, cinco diretores votaram pela redução da taxa Selic em 0,25pp e quatro, indicados pelo atual governo, optaram pela redução da taxa Selic em 0,50pp.
Expectativas crescentes
“Nas últimas semanas observamos um aumento nas expectativas inflacionárias, que é um elemento subjacente às decisões de política monetária”, comentou Margato.
“Não só as expectativas para o IPCA de 2025 continuaram a subir no período mais recente, como as projeções do mercado para 2026 começaram a subir, afastando-se ainda mais da meta de inflação de 3%”, disse.
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Para o economista, diversos fatores influenciam as expectativas de inflação, como o mercado de trabalho mais aquecido no Brasil e as incertezas na economia global, principalmente em relação ao início dos cortes de juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos, além da persistência de tensões geopolíticas.
Fiscal continua preocupando
“No campo interno, permanecem as preocupações fiscais e até questões que envolvem a credibilidade do Banco Central, principalmente depois da votação dividida na última reunião do Copom”, acrescenta.
“Com base nesses fatores, temos observado um aumento nas expectativas inflacionárias, ou seja, um desafio maior para o Copom”, disse.
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Mercado de trabalho
Sobre o mercado de trabalho aquecido, Rodolfo Margato lembra que a taxa de desemprego está nos níveis mais baixos desde 2014, perto de 7% – antes da pandemia, era de 11,5%.
“Observamos também o aumento consistente dos salários reais, com a renda do trabalho subindo além da inflação. Na verdade, os dados de abril, divulgados na semana passada, surpreenderam positivamente. É um mercado de trabalho aquecido. Não é só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, e isso representa um desafio para o Copom”, destaca.
A receita líquida do governo precisa crescer
Na parte fiscal, ele disse que a equipe da XP vem discutindo algumas medidas que o governo anunciou para tentar alcançar o equilíbrio orçamentário. Segundo o economista, a receita líquida necessária para atingir a meta zero deste ano pelo governo exige um aumento de 10%.
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“Temos uma estimativa de crescimento de 6%, 7%, ou seja, abaixo do necessário para cumprir a meta. Este é apenas um exemplo das preocupações fiscais que permanecem no radar porque têm impacto na taxa de câmbio e também nas expectativas inflacionárias de médio prazo”, destaca.
Real depreciado
Sobre a taxa de câmbio, Margato explica que na comparação com a moeda de outros países emergentes, como México, Colômbia, Peru e Chile, fica claro que de janeiro até os dados mais recentes, o real ficou mais ou menos em linha com outros moedas, mas a partir de Março começou a registar uma tendência descendente.
“No final, vemos o real se desvinculando de outras moedas emergentes, que também sofreram piora, ainda que marginal”, destaca. Porém, a XP mantém no relatório Macro Brasil Mensal de junho a taxa de câmbio do final de 2024 em R$ 5, com média anual de R$ 5,15.
“Consideramos que, com a reação do Banco Central em manter a Selic mais alta, e o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, no final do ano, ou seja, a ampliação do diferencial, o câmbio A taxa poderá voltar para cerca de R$ 5 – a mensagem aqui é que há espaço para valorização (do real) ainda no ano”, afirma.
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