Quase dois terços dos municípios gaúchos foram afetados, em maior ou menor grau, por eventos extremos nos últimos dois meses, segundo nota técnica produzida pelo MapBiomas.
O mapeamento das áreas afetadas foi elaborado com a análise de imagens de satélite, obtidas por sensores ópticos e de radar, em um período antes e depois das fortes chuvas, resultando na observação de 61% das cidades afetadas.
No total, a área atingida por desastres — como deslizamentos, alagamentos, enchentes e enchentes — nos últimos dois meses foi equivalente a 5,6% (15.778 km²) dos 281.748 km² do estado.
No total, 298 municípios tiveram pelo menos 1% de áreas afetadas pelas inundações. Destes, 73 tinham mais de 10% e 34 tinham mais de 20%.
As cidades de Canoas e Nova Santa Rita tiveram mais da metade dos territórios afetados: 50,1% e 52,5%, respectivamente.
Segundo a nota, as áreas destinadas à produção agrícola foram as mais afetadas, com mais de um milhão de hectares ocupados por essas atividades no estado.
Áreas urbanas
Dos 497 municípios gaúchos, 234 tiveram suas áreas urbanas afetadas. Os mais afetados foram:
- Eldorado do Sul (66%)
- Mampituba: (49,5%)
- Canoas (42,4%).
No total, 5% das áreas urbanas do estado foram afetadas.
Chuvas
De acordo com a nota técnica do Mapbiomas, eventos climáticos como vendavais e chuvas intensas são mais frequentes no Rio Grande do Sul durante a primavera e o outono.
O estado também sofre influência dos fenômenos El Niño e La Ninã, que causam instabilidade no clima.
Nos anos La Ninã pode haver queda nas chuvas e aumento das secas.
Durante a estação do El Niño, as chuvas tendem a aumentar, sendo o equivalente à média mensal de chuvas em um único dia.
Além da tragédia deste ano, o estado também passou por três tempestades severas em 2023:
- Junho: No Vale do Rio dos Sinos e Litoral Norte
- Setembro: Vale do Rio Taquari-Antas
- novembro: Vale do Taquari-Antas e Caí.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para os períodos 1961-1990 e 1991-2020 confirma que praticamente todas as regiões do estado já apresentaram alterações, algumas delas com aumento de até 300 mm na precipitação anual entre os dois períodos.
As chuvas dos últimos dois meses foram extremas tanto em volume como em intensidade. Registros da Agência Nacional de Águas (ANA), do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam que ultrapassaram os 500 mm, em duas semanas, em grande parte do estado. Em alguns locais, totalizaram mais de 1000 mm, o que causou inundações e uma rápida subida do nível dos rios.
Veja o estudo completo aqui.
*Sob supervisão de Bruno Laforé
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