O inverno gaúcho em Gramado, região das Hortênsias, no Rio Grande do Sul, pode não ser aquecido pelo fluxo de visitantes que costuma lotar a cidade nesta época do ano. As chuvas que atingiram o estado prejudicaram este e outros centros turísticos do Rio Grande do Sul.
Dono de três restaurantes na cidade, Josiano Schmitt ilustra o esvaziamento da cidade comparando o cenário com a pandemia da Covid-19. “Claro que dessa vez a consequência é bem menor, preservamos vidas, naquela época a dor era maior, mas a aflição do vazio é muito parecida.”
A história de Schmitt e Gramado é a história de uma série de empresários e cidades do estado. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 94% desses estabelecimentos registram queda no faturamento. Sem falar que metade está sem água e um terço sem luz.
Por estar localizado na Serra Gaúcha, em região montanhosa, não houve registros de alagamentos em Gramado. As principais consequências das chuvas acima da média na região foram os deslizamentos de terra, que deixaram pessoas mortas e desabrigadas.
Assim, a maior dificuldade para a recuperação da atividade em Gramado — e em diversas cidades do estado — é a logística. Durante semanas, em decorrência dos deslizamentos, estradas foram destruídas ou fechadas, mas no momento o principal gargalo é a operação do Aeroporto Salgado Filho.
Normalmente, o terminal internacional de Porto Alegre opera cerca de 130 voos diários, sendo metade deles com destino à Serra Gaúcha. A rede emergencial criada pelo governo para enfrentar as chuvas, utilizando outros aeródromos, permite movimentar esse mesmo volume de viagens em uma semana.
Salgado Filho ainda não tem planos de voltar e é isso que mais assusta o turismo no momento, segundo Schmitt. “Hoje, se uma pessoa quiser comprar uma viagem para vir ao Rio Grande do Sul em dezembro, no Natal, ela não consegue”, disse.
Além da logística, outra preocupação manifestada pelos setores de bares e restaurantes, por meio da Abrasel, e hoteleiro, pela Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih), é a publicidade. Os empresários temem que as imagens da catástrofe afastem os viajantes dos destinos gaúchos por mais tempo do que o necessário.
Ajuda do governo
Os restaurantes do proprietário de Gramado funcionam atualmente em regime de rodízio. Um acordo entre os empresários e o sindicato da região permitiu a antecipação de férias, feriados e folgas e até a suspensão do contrato de trabalho por 60 dias.
Metade dos colaboradores sai de férias por 15 dias e, quando retorna, o restante entra em recesso. Com a demanda reprimida, esse foi o caminho encontrado para preservar os empregos nos restaurantes.
A flexibilização dessas condições é a principal demanda do turismo e de outros setores da economia gaúcha para a manutenção dos empregos. Os empresários clamam por uma nova “Lei do Bem”. Utilizado durante a pandemia, o mecanismo permitiu acordos de redução de jornada de trabalho e, proporcionalmente, de salários, além de suspender contratos.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apoia a demanda desde o início da tragédia no estado. Já o Executivo Federal afirma que acelerará os debates sobre a manutenção dos empregos na próxima semana, mas sinaliza que é avesso à medida.
Além disso, em reunião no dia 22, Leite solicitou ao ministro do Turismo, Celso Sabino, recursos da ordem de R$ 1 bilhão do Fundo Geral do Turismo (Fungetur) para apoiar a atividade no estado. Até o momento, foram concedidos R$ 200 milhões em auxílio pelo governo federal.
Ao expressar as reivindicações do segmento hoteleiro, José Justo, diretor da Abih-RS, foi conciso: “mais dinheiro”, pediu. Segundo o mandatário, as medidas anunciadas pelo governo até agora não chegaram à linha de frente do setor.
“Muitas empresas ficaram sem dinheiro e precisam pagar folha de pagamento e fornecedores. Isso exige maior facilidade de crédito e agilidade no setor financeiro, o que não estamos vendo. Mesmo com os anúncios do governo, muitas reclamações foram recebidas por causa dessas dificuldades no relacionamento com a rede bancária”, disse.
Compartilhar:
Fonte
blue cartao
empresa de crédito consignado
download picpay
brx br
whatsapp bleu
cartão consignado pan como funciona
simulador crédito consignado
como funciona o cartão consignado pan
ajuda picpay.com